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    Sofrimento psíquico na adolescência: Entendendo para cuidar


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    O sofrimento subjetivo é uma experiência humana universal. Ainda que presente ao longo da história, sua forma de compreensão e nomeação mudou com o tempo. Antes, era comum o uso de termos como “loucura” ou “distúrbio”, muitas vezes carregados de estigma e preconceito (Crivelatti et al., 2006). Hoje, entende-se que o sofrimento psíquico faz parte da vida e precisa ser reconhecido, escutado e acolhido — principalmente na adolescência.




    Adolescência: Uma Fase de Mudanças e Vulnerabilidades




    A adolescência é marcada por intensas transformações físicas, emocionais e sociais. Nessa fase, o sofrimento psíquico pode surgir de maneira mais intensa e confusa, muitas vezes sem que o jovem saiba exatamente o que está sentindo ou como lidar com isso.

    De acordo com Vieira (2013) e Esteve (1999), muitos adolescentes desenvolvem estratégias de defesa para suportar a ansiedade, as cobranças externas e os próprios conflitos internos. Isso pode incluir o distanciamento emocional das relações, comportamentos de evitação e até um certo “desligamento” da realidade, como forma de escapar da dor. Mas, ao fugir do sofrimento, o jovem pode acabar preso em um ciclo de desconexão e sofrimento silencioso.






    Quando o Sofrimento Adoece




    Nem todo sofrimento é sinal de doença, mas quando ele se torna intenso, persistente e interfere na vida diária, pode sim levar ao adoecimento mental. Segundo Dejours (2001), tudo depende de como cada pessoa lida com a dor: ela pode ser transformada em crescimento e aprendizado ou levar ao esgotamento emocional.

    Muitos adolescentes buscam aliviar o sofrimento por meio de distrações — como excesso de redes sociais, isolamento ou comportamentos impulsivos — mas sem enfrentar o que realmente está por trás. Como alerta Codo (2006), “esquecer” a dor não a apaga; apenas a empurra para dentro, onde pode crescer em silêncio.






    Sofrimento não é só Transtorno Mental



    É importante lembrar: sofrer emocionalmente não significa, necessariamente, ter um transtorno mental. Vários fatores podem gerar sofrimento: pressões escolares, conflitos familiares, perdas, bullying, dificuldades de se encaixar socialmente, entre outros. Um adolescente que perde alguém querido, por exemplo, pode vivenciar uma tristeza profunda, tão intensa quanto um quadro depressivo — mesmo sem diagnóstico clínico.

    Por isso, o sofrimento psíquico merece atenção mesmo quando não há um transtorno identificado.





    O Papel da escola e da sociedade



    O ambiente escolar, com suas exigências, avaliações e cobranças sociais, pode intensificar o sofrimento emocional. Em muitos casos, o adolescente apresenta comportamentos que refletem conflitos internos, como queda no rendimento, agressividade, apatia ou isolamento. Infelizmente, a resposta mais comum ainda é a medicalização rápida, que nem sempre resolve a causa do problema.

    É essencial que educadores, famílias e a sociedade como um todo aprendam a reconhecer os sinais de sofrimento psíquico e ofereçam escuta e apoio, sem julgamento.




    Estressores na Adolescência: O que pode estar por trás do sofrimento?



    Diversos fatores podem desencadear ou piorar o sofrimento emocional nos adolescentes. Esses fatores, chamados estressores, incluem:



    • Estressores Ambientais: Poluição, excesso de barulho, condições precárias de moradia ou transporte.

    • Estressores Sociais: Conflitos com colegas ou familiares, bullying, pressão para se encaixar em grupos.

    • Estressores Acadêmicos: Excesso de provas, prazos, cobrança por desempenho ou escolha profissional precoce.

    • Estressores Emocionais: Perdas, mudanças repentinas (como separação dos pais ou mudança de escola), baixa autoestima.

    • Estressores Financeiros: Preocupações com a situação econômica familiar, falta de recursos para atividades básicas ou lazer.



    Todos esses fatores, especialmente se acumulados, podem impactar significativamente a saúde mental dos jovens.





    Cuidar do sofrimento é prevenir o adoecimento




    Reconhecer que o sofrimento psíquico faz parte da experiência humana é o primeiro passo para quebrar o tabu que ainda o cerca. Validar a dor do outro, acolher sem julgamento e oferecer apoio são atitudes que podem salvar vidas.

    Para os adolescentes, encontrar espaços de escuta — como a psicoterapia — pode ser um caminho importante para compreender suas emoções, desenvolver recursos internos e lidar de maneira mais saudável com os desafios da vida.






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    ©2025 por Andressa Carvalho

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